LENNY ABRAHAMSON

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1966, IR

Tenho que admitir, também faço parte do extenso grupo que apenas conhece os mais recentes capítulos da obra de Abrahamson – os muito aclamados (e universais) Frank e Room. São dois filmes, como hei-de dizer?, no mínimo inusitados e que têm como elo comum uma premeditada elaboração na comunicação de informação que alimenta os detalhes narrativos. Como se ambos fizessem parte de uma espécie de modelo narrativa-in-progress que não é muito comum no cinema de primeira linha.

Pois bem, ao que parece, esse estilo já vem de trás, bem desde os primórdios da sua obra (que ainda não é assim tão vasta). Adam & Paul, Garage e What Richard Did, longas-metragens criadas no seio de uma Irlanda pouco exportadora, todas elas reconhecidas e galardoadas em festivais da especialidade, mas relativamente desconhecidas do grande público. Com Frank (e muito graças à presença de actores em voga, como Fassbender, Gleeson, Mcnairy ou Gyllenhaal) chegou finalmente à 1ª divisão, ainda que num registo meio indie, meio dramedy metafórico sobre o sonho da criação e vivência musical. É um filme estranhamente envolvente e de muitas camadas.

Room segue a pisada, fazendo-o chegar pela primeira vez aos Óscares com o filme “sensação” da temporada. É um belíssimo ensaio sobre os efeitos e consequências do sequestro, construído de uma forma que nos leva a questionar tudo e todos, absorvendo apenas as necessárias quantidades de informação para irmos nós próprios desenhando o filme nas nossas cabeças (a primeira metade do filme é um hino ao cinema). É um tipo de estilo desafiante, que tem como grande marca autoral essa forte interacção com o raciocínio do espectador, sempre sustentado em poderosas bases narrativas.

Não deixa dúvidas, as suas próximas obras serão muito antecipadas e tão cedo não se afastará dos grandes palcos. Mas, enquanto isso, tenho as suas 3 primeiras longas para ver. Especialmente Adam& Paul e Garage, que me parecem MUITO bem.

#27 // INFLUÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS 

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