Ninho da Cobra I

É com grande prazer que anuncio o mais recente espaço do Royal Cafe.

Há algum tempo que me questionava com o que poderia fazer na nossa cave. Desde o momento em que adquiri o espaço que sempre tive a certeza de que algo interessante adviria daquele espaço. Porém, 2 anos passados da abertura do Royal Cafe e da minha crescente insatisfação a  cada uma das investidas rotineiras em busca de reforços de guardanapos e garrafas de vinho do porto (a corticeira que as alberga é de facto um esplendor e merecia mesmo estar bem à entrada do Royal Cafe, para gáudio dos visitantes), senti-me na obrigação de pegar na vassoura.

A meio da limpeza (e de inúmeras ideias de possibilidades para rejuvenescer o espaço), puxei o cadeirão secular que intimamente faz parte do local (diz-se pela comunidade que o espaço pertencera a um fidalgo respeitado de norte a sul) e, sentindo-me dono e senhor, decidi que não deveria continuar com aquela calamidade. Cheguei até, imagine-se, a pensar em pintar o espaço de cor-de-laranja, em tons condizentes com uma modernidade que se quer vanguardista. E, ali, sentado no cadeirão enquanto olhava para as desgastadas paredes ancestrais, assenti que não seria essa a via.

Uma cave vale pelo seu todo. Pelos anos de humidade inerente. Pelas centenas de aranhas coloniais.

Pelas suas memórias. E esperanças.

Quis abri-la assim ao público. Mostrá-la, tal como é. E deixá-lo participar.

Em jeito de tertúlia, chamei-lhe “Ninho da Cobra”. Porque, homenageando os verdadeiros artistas da célebre Motown, espero que deste ninho obtenhamos também nós bons resultados (“The Snake Pit” era o nome do estúdio de experimentações onde o aglomerado de músicos The Funk Brothers criava verdadeira magia). Que o mote seja lançado, em jeito denominador.

E, inaugurando o espaço, ponho na mesa o primeiro projecto.

indie-copy

Sempre me fascinou o conceito de road-movie.

Apocalypse Now, Diarios de Motocicleta, Y Tu Mama También, Thelma & Louise, Rain Man, Stand By Me, The Wizard of Oz, The Grapes of Wrath, Into the Wild, Almost Famous, Sideways, Natural Born Killers, Little Miss Sunshine, Fear and Loathing in Las Vegas ou os recentes The Happening e My Blueberry Nights, para nomear alguns. Inclusive o Dumb & Dumber, o Forrest Gump ou a primeira hora de Rat Race, ao seu jeito.

Adorei embarcar nessas aventuras. Sentir-me parte da viagem, presenciando locais, momentos e experiências singulares.

Arrisco-me a dizer que, para mim, este é um dos géneros que melhor eleva ao expoente máximo a magia do cinema.

E, posto isto, apresento Indie (cartaz meramente ilustrativo e promocional/salvaguardo a produção ainda não assegurada pela Red Lobby Films e os direitos de imagem da Converse), um projecto meu de longa-metragem cujo guião se encontra em fase de conclusão.

“Indie” vai ser um road-movie influenciado por todos estes filmes e muitos mais. Será, acima de tudo, influenciado pelo conceito de Indie. E a história começa em Manchester, no começa-a-ser-longínquo ano de 1987.

Mais não adianto. Por agora.

1 thoughts on “Ninho da Cobra I

  1. Ivo Silva diz:

    É “Filmes” meu amigo Luís 😛

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